quarta-feira, 21 de novembro de 2012

reencotros

Há alguns dias atrás te liguei. Queria te chamar para sair, tava com saudade. Não de você, mas de sexo, carinho. Não. Carinho não.  Sexo mesmo. Em todas as instâncias. Visual, tátil, linguístico. Queria fazer sexo com sua voz e seu olhar e sua transpiração. Queria trepar com teu conhecimento e sua forma de falar sobre todas as coisas. Queria gozar no teu sorriso, nos teus fios de cabelo. Arranhar seus pelos, comer teu cheiro. Lamber teu gemido. Te fazer deusa e puta, amada e lixo. Queria ser a melhor e a pior noite da sua vida. Ser o nunca mais que incomoda. O repeteco que arrepende. O nome na lista do celular que voce nunca liga mas que sempre passa o olho quando se sente sozinha. O nome que voce nunca fala, o cara que você odeia desejar e deseja odiar. O que te chama de amor logo depois te trata como vadia. O delinquente, o sujo, o sem valor. o babaca! filho da puta! sem vergonha sem pudor e sem camisinha. A pior e a melhor transa que você já teve. O que você detesta ter mas que já te tem.
  Daí você atende o telefone e eu falo com voz seca como quem não quer nada e você sabe que no fundo eu quero seus peitos na minha boca, mas parece que dessa vez você tá ocupada. Escuto vozes. Deve estar acompanhada. Você diz que está no carro. Não dirige. Presumo carro dos pais. Digo que vou ligar depois. Deixo uns dias passar, você não vai ligar. Gosta de fazer a difícil. Acha que mulher que deve ser procurada. Eu discordo. Dou mais uns dias... ou você não lembra do telefonema ou tá morta de curiosidade e eu sei que tá mas não quero você e você tem que administrar isso. E eu tenho que fingir que quero você para conseguir o que eu quero.
   Devo te ligar na segunda para uma chance na terça. E você sabe que só quero parte de você e mesmo assim você vem com vontade, tímida, mas com vontade. Não da nenhum passo. Não retorna as indiretas nem toma iniciativa. Mas elogia meu perfume e percebe a rigidez marcada no jeans. Morde levemente os lábios. Sugiro vinho você nega. Tá quente mas eu não quero cerveja. Sugiro um lugar mais reservado você pergunta onde. Penso em dizer minha casa. Imagino você pelada na minha cama, os cabelos jogados no colchão, os seios separados. Suas mãos apertando o lençol com vontade. Os olhos fechados mordendo o canto da boca...
  Você ainda esperando minha resposta. Sugiro minha casa, sua expressão facial diz que você é a favor, mas você frequentou aulas de moral e cívica demais para dizer que sim. Você quer me dar mas não quer dizer. Te puxo pra perto, você da como quem não entendeu. Tô meio sem paciência. Não vou tentar de novo. Penso no plano b. Agradeço todos os dias pela criação da internet.
  Você entra no ônibus e eu volto pra casa. Puto. 
 Anoitece. Vejo um pornô qualquer da primeira página de um site qualquer, me masturbo viro para o lado e durmo.    

sábado, 28 de julho de 2012

atos

Metade do caminho é dado, assim, de supetão. Não se pede nem se espera e, possivelmente, não se está preparado. Mas vem e quanto à isso não há remédio. Deve-se apenas aceitar, no pior dos modos ou no melhor dos jeitos e reclamar sem sossego ou aclamar sem tédio ou destituir sem medo, construir com apego quem sabe até ignorar. Mas que algo deve ser feito, ah! deve ser feito. Nem que seja chorar e fugir. Correr num desespero quase crônico, doentio. ou se entregar sem medo. Abrir a janela do quarto escuro e deixar um pouco de luz entrar de vez em quando, mesmo que machuque os olhos, mesmo que queime a pele, que revele o desconhecido que tanto se teme, a bagunça do quarto. Mesmo que desapegue o sossego, mesmo que desmascare o que foi realidade, há de ser, em algum ponto, bom.
  Mesmo que atravesse o Eu, tão dificilmente formado e o parta, deforme. Deixa que tudo se transforma. Deixa que tudo vai como deve ir. Não apressa, mas também não foge. Tô cansado de não viver, você deve estar também. Foram alguns bons anos de muitas fugas premeditadas e agora tamos aí, meio que sem saber existir de verdade no que é de verdade. Levanta a mão umas três vezes e promete que não vai sair correndo quando as coisas complicarem um  pouquinho ?
 Sim eu sei que é difícil. Sinto muita vontade de sair correndo também. O tempo todo. Mesmo. Mas a gente tem que se controlar nesse pouquinho de existência, fingir que a gente sabe viver um pouco melhor do que a gente sabe de verdade. Se decepcionar mais. Voltar a sonhar. Só pra manter a sanidade mental, só para ter certeza que ainda temos coragem de errar, de quebrar a cara. Essa é a outra metade do caminho, né. A gente não pode ficar andando só metade pro resto da vida. Uma hora a gente tem que ter coragem de sair abrindo todas essas portas emperradas, nem que seja na base da porrada, nem que a gente tenha que ficar horas esmurrando a porta para ela abrir ou batendo desesperadamente enquanto chove do lado de fora até que alguém a abra, assustado com um sorriso. Mesmo que essa porta nunca se abra e você fique desesperado não querendo nenhuma porta além daquela que não abre. Mesmo que não veja mais caminho possível. A gente só não pode dar ao luxo de não fazer nada igual estávamos fazendo. Principalmente eu. Eu e minha loucura incessante, minha paranoia, minha vontade louca de inexistência... Não fica parada aí, vamos dar uma volta no lago, acampar, correr. Não fica parada aí e não me deixa parado aqui, porque tá começando a cansar as pernas essa coisa toda de não fazer nada nunca.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

responsabilidades

O trabalho é sempre corrido.  Desesperador vai-e-vem desde as oito horas da manhã. O telefone toca insensível, incessante. Não da para relaxar. Ainda não foi ensinado como se pára o mundo, só por um ou dois segundos, só para dar um suspiro mais  demorado, outro trago no cigarro, outro beijo e mais um tchau.
 Nem se da tempo para o "eu te amo" sair menos engasgado, pro "eu também" ser ouvido. Fica tudo muito imaginado num ritual onde o " 'brigado', bom dia." vem numa palavra só e você já sumiu e é o "próximo" que assume seu lugar numa correria louca.
 E tudo isso porque são oito e dez da manhã e você tem a impressão que já trabalhou todos os singelos oito turnos semanais contando as reuniões e tudo mais. Na verdade se passaram dez minutos. Ferozes como se fossem dez anos ou mais e você perplexo com a quantidade de vozes tão diferentes mas aceleradamente tão iguais que você escutou nos últimos quarenta e cinco segundos. E ainda é segunda feira e faz apenas duas horas que você está de pé, ainda com o gosto do café na boca e o cheiro de domingo no cabelo. Um sorriso de canto de rosto se der tempo lembrando daquele momento mais romântico na porta de casa. Milésimos de segundo perdidos pensando no dia anterior e você já está atrasado. Acabou a hora do almoço e a correria (que nunca parou) recomeça. Se é que é possível recomeçar algo que nunca pára. E o fim de semana vai chegar e o fim de semana vai embora. Milhões de pessoas vão ir e vir e vir e vir e vir. E ainda são oito e quinze da manhã. E ainda é segunda-feira.

estranho encontro

Era só um homem, como esses que a gente vê todo dia nas rodoviárias da vida. Com seu uniforme de trabalho, a tradicional camisa branca calça azul sapato, esteja o tempo que estiver e faça o calor que fizer.
 Estava sentado, ele seu caderno e caneta. "Deve estar fazendo contas" - pensei. Sempre nessa ideia de como é corrida a vida e como as pessoas estão sempre ocupadas demais para ter um hobby. Passei por ele como quem nada queria, buscando apenas um quê de escrever. Acontece que o mesmo não fazia contas. Havia encontrado um pouco de si no si mesmo e um pouco de tempo para sonhar. Desenhava! Sim, D E S E N H A V A. Como fazem as pessoas que descobrem um tempo para cuidarem de si. Havia um tigre no papel, com sua presa já abocanhada. E logo me vi tigre, abocanhando minha presa, com pressa e sem dó. Fazendo do papel minhas garras e a boca de caneta. Dilacerei cada pedaço daquele compositor de feras e compuz cada pedaço desse  domador de palavras. Construí ali, junto daquele homem que, dentro do seu lazer nem me percebeu, meu jantar. Hoje como arte com textura e digiro pensamento. Logo ele é atrapalhado. Fico atento a seus movimentos, ele sorri, há um brincadeira, a distração se vai. Ele volta ao papel mas já não tem mais a mesma precisão. Algo se foi junto com aquela pessoa que passou por alguns segundos. Levanta, guarda seu bloco no bolso e vai.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

amor adolescente

                                                             
Gritavam, xingavam. Era um alvoroço. Duas feras incompreensíveis, cada uma de seu lado. Dois lobos grunindo raivosamente, logo após dois ursos distribuindo patadas, dois pássaros amedrontados, dois cachorros ladrando, chorando, abanando o rabo... Um caleidoscópio de feras e formas, de dores e amores. De um lado o medo do desconhecido, de outro o medo do que não quer que se descubra. Muita tensão e no meio de tudo isso, por trás de todas as feras e todas as formas duas crianças tentando fazer da melhor forma que sabiam aquilo que todos nós fazemos o tempo todo todos os dias : existindo.
 Queriam ser notados. Queriam ser queridos, queriam ser importantes. Um para o outro e cada qual com todo o resto. Queriam o carinho, a apreensão. Aquele grito materno impedindo que se caia do penhasco. Esses eram os dois enquanto berravam um com o outro. Esses eram enquanto se batiam, duas criaturas ensandecidas, ferozes, esbravejando e em seus gritos suplicando um pouco de atenção, um pouco de carinho. Não era fácil compreender que no meio de tantos tapas, socos e ofensas havia amor e muito amor e os dois sabiam e por isso ficavam mal quando gritavam, ficavam mal quando recebiam os gritos e ficavam ainda piores se ficassem em silêncio. Por isso tiveram que se bater, se empurrar, se ameaçar. Porque se amavam e não sabiam mais como fazê-lo. Porque tinham medo de não serem mais percebidos. Porque queriam ser percebidos. Queriam seu amor público mas não sabiam mais como fazê-lo, então o destruíram. Da forma mais pública possível. E se arrependeram. A exposição do amor o destruiu, o desmistificou. O que era particular se tornou público. Esvaiu no grito, esvaiu no tapa e o que era sorriso se tornou vertigem, falha, medo. E os dois que chegaram juntos foram um para cada lado. Com um remorso no peito e a certeza de que aquele não seria o último momento de nenhum dos dois.

domingo, 22 de julho de 2012

memórias


Abrupta, incompreensível. Vem como uma onda, varrendo de fora a fora, deixando tudo desigual mas estranhamente reconhecível. Em algum lugar deste cenário perplexo e repentino existe um pouco do que era meu e muito que ainda pode ser. A porta estava entreaberta, com uma luz baixa pouco convidativa mas não pensei muito. Empurrei a porta de forma fugaz e fui entrando. No começo um susto. Era um lugar onde jamais havia estado, um quarto não muito amplo mas grande o suficiente para que coubesse eu e tudo que vinha comigo. Não disse um oi, não perguntei como ia... a conversa fluiu como havia de ser. Em segundos passamos de estranhos para conhecidos, de conhecidos para muito conhecidos... Era estranhamente encantador como em apenas alguns minutos senti que nunca mais poderia sair daquele quarto se não a levasse comigo. Procurei um lugar para sentar. Não havia. Achei engraçado porque de onde eu vinha também não haviam duas cadeiras, nem duas camas, nem espaço para duas pessoas. Mas apesar deste quarto onde me encontrava ser tão pequeno e tão singular quanto o meu, sentia uma necessidade enorme de ficar lá. O máximo possível. De fechar os olhos alí mesmo, em pé e continuar ouvindo aquela voz tímida e ininterrupta balbuciando coisas que um estranho jamais ouviria. Sinto uma vertigem leve. Estou um pouco fora de mim, provavelmente dormindo ainda. Um sonho bom possivelmente. Bom sonho. Pensei em não acordar, na verdade ainda penso.
  Segui ouvindo, confesso que mais a voz em si do que as palavras que a mesma diziam. Sorria em momentos pontuais e continuava alí, olhando. Sentindo. Só depois de um bom tempo fui perceber que era involuntário. As palavras saíam, vinham e me agarravam, tiravam meu corpo de mim e passeavam com ele pelo quarto, rodopiavam por tudo que era meu, sambavam e riam e eu ria com elas e ria com você. Os nomes tomavam forma e dancei com Morrison, com Morrisey, com Tarantino, com Almodóvar... Dancei com todos eles enquanto você entoava uma canção que eu nunca tinha ouvido. Uma canção que me fazia rir pro lado de dentro, algo que eu nunca tinha experimentado antes, só na vida dos outros. E eu sentia que quando eu ria, algo dentro de mim ria também, como se meu corpo inteiro estivesse feliz em estar alí, como se cada parte de mim quisesse ter braços para poder te abraçar e uma voz para te agradecer por ser assim, tão linda.
  As pessoas na janela jamais entenderiam essa cena, como disse Nietzsche, e só agora fui entender "e os que dançavam, foram julgados loucos por aqueles incapazes de ouvir a música."
  E assim foi. Louco e ainda louco. Infelizmente nem todos os braços e abraços seriam possíveis para te segurar mais um pouco. Haviam compromissos. Fora daquele mundo em que me coloquei e te coloquei meio sem querer e fiquei imaginando se você tinha me colocado também meio sem querer e foi tudo meio que por querer porque queremos tanto a companhia um do outro, um pro outro...que todas as outras pessoas viraram meros coadjuvantes na existência. E você partiu, mas não exatamente. Eu sei que parte de mim ainda está naquele quarto sentindo parte de você, ansioso por outro encontro, por outra dança, por uma outra vez, e até quem sabe ...

terça-feira, 19 de junho de 2012

19.06

é óbvio que eu ia arranjar um jeitinho de vir aqui, mesmo que rapidinho, mesmo que eu não faça isso sempre, só pra dar um oi, deixar uma musiquinha.... caralho.... a gente não se vê tem uma penca de tempo. Nem sei se você veio mesmo pra Niterói no fim de semana e já não posso dizer que lembro de todos os momentos com você. Porra, certeza que não lembro, mas lembro de uns muito bons, que vou lembrar pra sempre... de todas as vezes que a gente riu junto, de todas as vezes que eu disse que voce ia se ferrar, de todas as vezes que voce sentiu ciúmes de mim e eu de você... de todas as vezes que quis te beijar e não pude e ainda não posso haha... Até hoje não sei dizer o que a gente foi nem o que a gente é... É uma alegoria de sensações e emoções e divisões... acho que a gente não nasceu pra rótulo mesmo, né... e assim a gente segue, meio sem seguir, com medo da vida se transformar em algo mais que não ligar e tomar umas cervejas... que as coisas fiquem sérias e pior, que fiquemos sérios... Que esqueçamos a vida de sentar na praça e não se preocupar e esquecer que o que realmente importa é não se importar com nada.
Sinto uma puta saudade daqueles tempos bons em que a gente simplesmente sentava na escada da praça e ficava cantando, conversando, observando as pessoas, como diz Maurício Pereira : "sem pressa e sem pressão, devagar bem devagarinho..." e assim a gente ia resolvendo os problemas, sem problema. 
Saudade da época que tudo se baseava em Chico Buarque e cinco reais, às vezes mais, uns maços de cigarro, uns dias de choro, alguns de riso e muitos de silêncio. Só a companhia bastava, algumas poucas palavras e a gente já se sentia bem, era o desespero agradável de não ter nada que dizer mas não precisar de nada o que ouvir... e às vezes um pouquinho de Fernando Abreu para acalmar os nervos, uns erros, uns tropeços, uns acertos (poucos, sim, mas alguns) e muitas tentativas. Tá, nem tantas, mas a gente tentou, vai...E assim foi e ainda seria se não fosse a distância e as dificuldades de uma vida quase adulta...




    • Lembro de todas as vezes que a gente jurou amor eterno, proteção eterna, cuidado eterno, carinho eterno. Tá, todas não, mas lembro delas terem acontecido... das nossas promessas loucas, dos meus pedidos desesperados, das suas aceitações sem pensar... "i stand in front of you i'll take the force of the blow. Protection" ... de todas as nossas mentiras cúmplices e "do que sabe a cabra das barbas do bode".... do vinho, do vício...
      no fundo é isso mesmo... duas mesmas metades da laranja, que nunca vão se completar mas já estão acostumadas com essa idéia e mesmo assim continuam seguindo, procurando um jeito, uma forma.
      e quem sabe um dia a gente se vê numa melhor
      eu te amo Monick, feliz aniversário

segunda-feira, 14 de maio de 2012

desespero



Choveu
Choveu e ainda chove e como chove
quer dizer
já nem chove tanto mas ainda posso sentir a chuva na minha pele
Na minha roupa. Nos meus cabelos.
Mas foi logo no meio de tanta chuva e tanta sujeira e tanta indecisão que ela resolveu aparecer
Saída, linda.
Vinda de dentro de uma loja, ou do fim do corredor, Não sei.
Sei que veio e eu percebi logo quando veio e alí me hospedei, por alguns segundos, naqueles olhos, naquele cabelo. Naquele corpo tão menor que o meu. Ou às vezes nem tão menor que o meu assim.
Alí me hospedei por duas vidas inteiras.
Não era um corpo qualquer e eu sabia. Era um corpo daqueles que te faz querer largar tudo. Que me fez esquecer tudo por um segundo e só pensar em como aquele corpo era belo e como eu não queria abandoná-lo.
Foi aí que o corpo, ou o sujeito por trás do corpo me notou. E quando me notou também me notei e vi que estava sorrindo. Olha só. Eu.
Molhado de chuva, totalmente perdido, jogado. Nem no meu melhor nem no meu pior. Perdido em um corpo que não era meu. Fazendo algo que não era seu e sorrindo.
Sorrindo.
Fazia tempo se é que me lembro de alguma vez que sorri for a do meu corpo.
Fora, é.
Porque o que estava sorrindo não era eu.
Era meu. Ou melhor.
Dela.
E ela viu
e eu vi
e ela sorriu.
Ela sorriu em mim.
Ou pra mim, ou de medo ou confusa.
Talvez tenha se perguntado
“será que a gente se conhece?”
E esboçou um “oi”
eu ouvi
ela ouviu também. Eu sei.
E ela passou. Ela passou e foi e fim.
Eu virei, ainda acompanhando-a com os olhos
vendo o último rastro de mim voltar a si
e ver o último rastro dela também
e ela foi.
E provavelmente a gente nunca mais se ver
e eu fico aqui me perguntando se ela também foi tocada
Porque eu fui, eu sei.
E a gente nunca mais vai se ver e eu vou continuar procurando
Por aquele sorriso
Aquele oi
aquele eu.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

resolvi fazer uma playlist. Ela tem um pouco mais de 6 horas de música. fala sobre relacionamentos em geral. espero que gostem .



NO CLEAR MIND - IMAGINARY YOU
ALBERT HAMMOND JR - BLUE SKIES
ANGUS & JULIA STONE - PAPER PLANES
BLIND PILOT - GO ON, SAY IT
BLIND PILOT - TWO TWONS FROM ME
CÍCERO - PELO INTERFONE
CÍCERO - ENSAIO SOBRE ELA
CÍCERO - AÇÚCAR OU ADOÇANTE
CLEM SNIDE - HUM
CLEM SNIDE - FOREVER NOW AND THEN
CLEM SNIDE - ENCOUNTER AT 3 AM
CLEM SNIDE - FIND LOVE
SHE & HIM - GONNA GET ALONG WITHOUT YOU NOW
SONGS : OHIA - I'VE BEEN RIDING WITH THE GOST
CLEM SNIDE - FORGIVE ME LOVE
SHE & HIM - OVER IT OVER AGAIN
RACHEL GOSWELL - COME RESCUE ME
SONGS: OHIA - GOODNIGHT LOVER
SONGS: OHIA - JUST BE SIMPLE
PASSION PIT - THE REELING
CLEM SNIDE - FAVORITE MUSIC
SONGS: OHIA : LOVE LEAVES ITS ABUSERS
PETER BJORN AND JOHN - 100 M OF  HURDLES
RACHEL GOSWELL - SLEEPING & TOOTING
SHE & HIM - YOU REALLY GOTTA HOLD ON ME
CLEM SNIDE - 1989
SONGS: OHIA - DIDN'T IT RAIN
SHE & HIM - BRAND NEW SHOES
PETER BJORN AND JOHN - PEOPLE THEY KNOW
KINGS OF CONVENIENCE - HOMESICK
SHE & HIM - DON'T LOOK BACK
CLEM SNIDE - SWEET MOTHER RUSSIA
WHITEST BOY ALIVE - DON'T GIVE UP
LACROSSE - WE ARE KIDS
TEGAN AND SARA - FREEDOM
JOY DIVISION - NO LOVE LOST
KINGS OF CONVENIENCE - POWER OF NOT KNOWING
TEGAN AND SARA - MORE FOR ME
SHE & HIM - BLACK HOLE
WHITEST BOY ALIVE - GOLDEN CAGE
TEGAN AND SARA - WELCOME HOME
PETER BJORN AND JOHN - I DON'T KNOW WHAT I WANT US TO DO
LAURA PEEK - THE GENERAL
DEVENDRA BANHART - LITTLE MONKEY / STEP IN THE NAME OF LOVE
EDDIE VEDDER - HARD SUN
JOY DIVISION - I REMEMBER NOTHING
LACROSSE - THIS NEW YEAR WILL BE FOR YOU AND ME
TEGAN AND SARA - NOT WITH YOU
LACROSSE - NO MORE LOVESONGS
KINGS OF CONVENIENCE - MISREAD
FOSTER THE PEOPLE - PUMPED UP KICKS
KINGS OF CONVENIENCE - ME IN YOU
LACROSSE - WHO WILL BRING US TOGETHER?
JAY JAY PISTOLET - HAPPY BIRTHDAY YOU
MILES KUROSKY - DOG IN THE BURNING BUILDING
FOSTER THE EOPLE - COLOR ON THE WALLS
FUN - LIGHT A ROMAN CANDLE WITH ME
GODOT - THE FRAGRANCE OF DARK COFEE
NEUTRAL MILK HOTEL 0 THREE PEACHES
FUN - ALL THE PRETTY GIRLS
GET CAPE. WEAR CAPE. FLY - QUEEN FOR A DAY
JAY JAY PISTOLET - CARTWRIGHT GARDENS
MARGOT & THE NUCLEAR SOSO'S - TINY VAMPIRE ROBOTS
MGMT - ELETRIC FEEL
GET CAPE. WEAR CAPE. FLY - THE PLOT
MGMT - TIME TO PRETEND
MIMICKING BIRDS - THE LOOP
KINGS OF CONVENIENCE - SECOND TO NUMB
NEUTRAL MILK HOTEL - SOMEONE IS WAITING
LACROSSE - YOU CAN'T SAY NO FOREVER
MILES KUROSKY - THE WORLD WON'T LAST THE NIGHT
MIMICKING BIRDS - CABIN FEVER
KINGS OF CONVENIENCE - I DON'T KNOW WHAT I CAN SAVE YOU FROM
JAY JAY PISTOLET - DON'T TURN THE LIGHT ON US YET
MARGOT & THE NUCLEAR SOSO'S - EARTH TO ALIENS: WHAT DO YOU WANT ?
LOS CAMPESINOS! - YOU! ME! DANCING!
MILES KUROSKY - HOUSEWIVES AND THEIR KNIVES
MARGOT AND THE NUCLEAR SOSO'S - YOUR LOWER BACK
MGMT - OF MOONS, BIRDS & MONSTERS
KINGS OF CONVENIENCE - BOAT BEHIND
MIMICKING BIRDS - 10%
MGMT - KIDS
JOY DIVISION - SHE IS LOST CONTROL
GUILHERME LAMOUNIER - AMANHÃ NÃO SEI
MARGOT AND THE NUCLEAR SOSO'S - WILL YOU LOVE ME FOREVER ?
HELLO SAFERIDE - GET SICK SOON
JOY DIVISION - LOVE WILL TEAR US APART
JASON MOLINA - EVERYTHING SHOULD TRY AGAIN
LAURA PEEK - VERMONT
JASON MOLINA - LET ME GO, LET ME GO, LET ME GO
GUILHERME LAMOUNIER - SERÁ QUE EU PUS UM GRILO NA SUA CABEÇA
HERMAN DUNE - WHATEVER BURNS THE BEST BABY
HERMAN DUNE - LITTLE WOUNDS
THE SMITHS - IS IT REALLY SO STRANGE ?
THE SMITHS - YOU'VE GOT EVERYTHING NOW
RIO 65 TRIO - PRECISO APRENDER A SER SÓ
RIO 65 TRIO - MEU FRACO É CAFÉ FORTE
CHICO BUARQUE - COM AÇUCAR COM AFETO
LEGIÃO URBANA - METAL CONTRA AS NUVENS
PAPER ROUTE - ENEMY AMONG US
JOHN LENNON - STRAWBERRY FIELDS FOREVER

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

depois de todo esse tempo... de todo esse amor ou falso amor... por pior que tenha sido o resultado... eu sempre fico feliz de estar certo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

solidão agradável

Como chove. Um calor desgraçado, todos reclamando por todos os lados. Temperaturas altíssimas lá fora e aqui um frio, um vazio... você tá mais longe essa semana, não sei o que foi. Não quis perguntar... Pode ser só eu, sempre uso essa desculpa esperando as coisas melhorarem... Costume. Tô com medo desde que você ficou com ele de novo. Não por ter sido ele, nem por ter acontecido, porque eu sabia que ia acontecer, a gente tinha combinado - relacionamento aberto, lembra ? - é. eu lembro. lembro todo dia. não to te julgando, nem dizendo que está errado. eu entendo seu lado. você acabou de sair de um namoro de 3 anos. Caralho. 3 anos é praticamente o tempo que eu me sinto sozinho. tive uns affairs aí no meio, mas nada que se compare ao namoro de 3~4 anos atrás e nada que se compare ao que estou sentindo agora... e você acabou de sair de algo que era pra ter sido "pra sempre"... olha que bosta. estamos de lados opostos da moeda... eu tô cansado de estar sozinho, estou carente, frágil, com medo. Estou me entregando pela primeira vez em anos e a possibilidade de poder me machucar de novo me deixa inquieto. você está querendo aproveitar. e deve aproveitar mesmo, principalmente quando tem alguém querendo te prender de novo, logo agora que você tá livre. Então vai, voa. Voa o máximo que der... se você sair do meu campo de visão vou ficar esperando pra ver se volta, se não voltar, espero que seja feliz onde pousou, se voltar, que não se arrependa, porque eu não sou perfeito... sou cheio de defeitos... cheio mesmo e posso te machucar sem querer várias vezes e se você não falar eu não vou perceber, então fale... por favor, fale... E fica tranquila no teu vôo. não volta nem se sente mal se olhar pra trás e eu estiver chorando... eu choro mesmo, choro o tempo todo. choro porque tô feliz, choro porque tô triste, choro porque tô lendo e me arde o olho, choro porque tô com sono e escorre lágrima... mas vou sorrir se te ver sorrindo. Posso estar me rasgando por dentro, mas sou um bom perdedor... não prometo amizade caso isso aconteça porque não sou tão bom perdedor, infelizmente. mas não vou me afastar... quer dizer, só por uns tempos e só se te perder... não por birra, só pra me acostumar com a ideia mesmo... mas ainda acho que vai dar certo... é só que você tá meia estranha nos últimos dias... pode ser tpm, não sei seu ciclo ainda... pode ser estresse de início de ano na escola, ansiedade, tédio, calor... pode ser um monte de coisa... pode ser eu também. e essas férias. detesto férias.

domingo, 29 de janeiro de 2012

desetendimentos

algumas vezes eu também não me entendo, então não vou ficar pedindo pra você me entender; Mas que um pouco de certeza seria bom, seria. Como seria. Pelo menos pra saber que todo esse investimento ia estar valendo à pena. Não quero fazer como fiz com todas as outras coisas que tive que deixar sem olhar pra trás, carregando o mais rápido que pudia tudo que conseguia ver que era meu e correndo, antes que começasse a chorar... Porque dessa vez to indo pra bem longe dos braços de mãe e dos amigos e isso pode ser perigoso, talvez bom, mas perigoso. Mas não reclamo. Acho que só de ter vindo até aqui, quer dizer, só de ter levado isso até aqui não por obrigação, mas por vontade. Às vezes tenho medo que algumas partes sejam medo seu de me magoar, espero que não. Porque se for, o medo de me magoar me magoa. Faz com que acredite em coisas que não devia e isso é pior do que desacreditar no que queria. Verdade. Prefiro morrer só sabendo de todas as verdades do que ir descobrindo aos poucos e me matando... Mas não  precisa ir embora não, fica por aí... vamos ver no que vai dar. Se eu não tremer de medo e correr você ainda vai me ver bastante.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Eu consigo imaginar seu cabelo passando pra lá e pra cá no meu quarto. Aquele clarão laranja avermelhado indo e vindo junto com a dança perfeita que seu corpo faz andando. Seu riso ecoando pelo quarto abafando momentâneamente a música que vem da sala. Seu peso sobre meu corpo, seu calor,  seus olhos brilhando ao olhar pros meus brilhando ao olhar pros seus. Dá pra imaginar você sentada no sofá passando os canais da tevê procurando um bom filme ou algum daqueles programas de decoração ou algum daqueles programas que te ensinam a fazer algo. Você está sempre aprendendo coisas novas. Sempre me ensinando coisas novas. Eu estou sempre lendo. A minha cara enfiada nos livros buscando informações novas. Algumas te interessam outras você não faz ideia do que se trata mas me escuta só pelo prazer de me ouvir falando. Você diz gostar da forma como eu conto as coisas e fico esperando um comentário depois, mesmo que seja só um 'ah sim'. Às vezes acho que você detesta essa minha necessidade de um feedback. Eu detesto. Detesto precisar de uma resposta qualquer, nem que seja um sorriso pra pelo menos ter certeza que você ouviu o que eu disse.
  Tem um jornal na mesa. Eu não lembro de ter comprado jornal, você diz que um amigo teve em casa enquanto eu não estava e que ele deve ter esquecido o jornal lá. Você fica olhando pra minha cara encarando o jornal e pensa que eu fiquei com ciúme, volta a frisar 'um amigo' . Eu olho para você e sorrio e digo 'relaxa, eu confio em você. Tem café?' e você diz que não mas que pode fazer e eu agradeço com um aceno de cabeça e um sorriso e pego o jornal por curiosidade e sento no sofá da sala e leio o jornal meio que desatencioso esperando a hora que você vai perguntar como foi meu dia. Você traz o café e a impaciência me mata  e eu faço um comentário sobre algo que aconteceu no trabalho. Você faz um comentário rápido meio que cortando o assunto e fala sobre o ataque que a vizinha deu no lobby hoje mais cedo. Eu digo que ela é maluca e por isso vai morrer sozinha, você não diz mais nada sobre o assunto. Eu coloco o jornal na mesa de centro e fico te olhando. Você me olhando de volta. Achei que você estivesse esperando um convite pra sair do seu canto do sofá e deitar na minha perna. Meus olhos fazem o convite, os seus aceitam mas a gente não se mexe. Eu fico te olhando, reparando na blusa que você veste. Percebo que ela não estava cortada assim ontem, comento que gostei, você sorri e diz que achou que eu não repararia. Eu digo que sempre reparo. Mentira, às vezes to tão perdido no meu mundo que se você cortar minhas blusas eu não vou reparar. Você levanta pra levar os copos pra cozinha, eu digo que não precisa, aproveito que você levantou e te puxo pra cima de mim, você solta um gritinho meio assustado e se deixa cair em cima de mim. Eu te dou um beijo no rosto, você inventa que tem que fazer algo para ver se eu te solto, eu digo rindo 'ah, tá bom que vou te soltar sim...' e te abraço mais forte e você sorri fazendo barulho e se aconchega nos meus braços.  Nesse momento nem o café, nem o trabalho, nem a vizinha, nem o amigo, nem o jornal, nem o lobby, nem os meus medos do trabalho, nem a curiosidade sobre o que você fez hoje ou a vontade de falar sobre o que fiz hoje, nem o telefone tocando baixo no fundo, nem as contas pra pagar, nem a falta de dinheiro e a fome, nada importa. Nesse momento eu tenho tudo que eu preciso.
'eu te amo'
'eu também te amo'
Poderia ter sido uma passagem sem querer numa rua, num telefonema pro número errado onde uma voz que eu nunca havia escutado atende o telefone e automáticamente começo a conversar com ela porque quero ouvir mais aquela voz, uma carta enviada pro endereço errado que é respondida naturalmente e inicia um trocar de cartas... poderiam ter sido vários jeitos diferentes. Eu podia ter te encontrado perdida entre as ruas de uma cidade que você nunca havia visitado e você ia me pedir informações que eu não saberia dar e eu ia estar indo para algum compromisso mas ia me interessar por você e mesmo não conhecendo a cidade tão bem assim eu ia te acompanhar pedindo informações e você não ia entender que prazer idiota era aquele de seguir uma estranha pra um lugar que eu também não sabia onde era. Tantas possibilidades...
 A gente podia ter se encontrado no metrô lotado, se esbarrando, você derrubando um pouco do meu café no chão, eu exclamando um "caralho", não por ter ficado puto, mas um daqueles palavrões automáticos que quando você percebe já foi, às vezes solto um palavrão automático. Você podia ficar sem graça ou me achar antipático, ou pedir desculpa e aí a gente podia começar a conversar ou eu nem falar nada ou eu me desculpar por ter xingado e dizer que foi automático e você dizer 'tudo bem' e a conversa acabar aqui... tantas possibilidades...
 A gente podia nem ter se encontrado. Não haver rua, nem metrô, nem telefone, nem carta, nem restaurante, nem amigos em comum, nem internet.
  A gente podia nunca ter trocado uma palavra, nunca ter ouvido a voz um do outro, nunca ter sorrido junto ou chorado junto. A gente podia nunca ter imaginado que o outro existia... realmente, muitas possibilidades.
  A gente podia não estar apaixonado. A gente podia ter se falado pouco, ter se evitado um pouco com um misto de medo e falta de vontade de conhecer mais gente... mas a gente tem tanta coisa em comum... Estranho a gente não ter se conhecido antes também. Enfim, a gente se conheceu. A gente se conheceu na internet, no lugar onde tudo pode acontecer e você era só mais uma pessoa desinteressada e eu era só mais uma pessoa desinteressada e de repente eu quis te conhecer mais e você quis me conhecer mais e agora tudo que dá pra fazer pela internet não é suficiente. Preciso de toque, de corpo, de você aqui, ir aí... preciso de mais um texto pra isso.

Se sabes que o lixo do luxo do bruxo que varres neste momento de nada lhe valhe
porque varres absoluto enxuto tão vil e bruto com força tremenda e cautelosa exatidão tal migalha ?
Se sentes, assim como eu sinto que sentes, o peso da vontade de fugir, porque a janela da saída lhe parece tão alcançável aos olhos, mas tão longe as mãos ? 
Ó crueldade vívida, deixe-a sair pela janela já que a porta há de ter trancado com mãos rígidas de criado em fúria, que não podendo discontar no seu patrão todo seu ódio, cumpre com nojo seu trabalho, aumentando seu cansaço e sua eficiência, mas nunca seu salário.
Claro ! Lhe digo, que sabes o porque canto. É que pretendo amortecer a alma daquele que sofre com pena, e que com angústia escuta a dor da melodia. Viva como somente os mestres saberiam fazer. Fria e cálida como nunca havia de ter sido. Fervorosa e alucinante. Quase me trazem delírios de febre. Ah! Que infortúnio. Talvez, nesse tempo criado não me sobre tempo para nada. E já havia esquecido de meu propósito aqui.
Ó criado afortunado por trabalhar para tão severo patrão. Ouça meu canto lamurioso, ou lamuriante, ou como queira entender. Mas ouça bem, para que saibas a quem pedir socorro. Para que saibas a hora de fugir e para que seu coração não gele no instante de pular a janela. Escute bem, para que a janela se aproxime de tí. Não só de teus, agora tristes, olhos como também de sua fétida e suja mão, que agora se encontra na cabeça que arde em febre. Ah! Febre. Que toque novamente aquela música que me subiu o fervor. E que se esqueçam todos os servos, pois somos todos servos de um só amo, que é a morte. E para a qual todos nos encaminhamos fervorosos e cantantes. Dançemos a nossa última valsa que hoje esse servo não nos escapa. Mal sabe ele, que as grades daquele janela nunca esfriam. É fogo quente que lhe marca a alma, e em lava se alucina, sem saber o problema que lhe persegue. Que se uma vez foges de teu servo interior, nunca se encontrar pode ser a tua eterna cina.
Toque canção, toque. Toque corações apaixonados. Deixe-nos voar além das almas desvairadas deste mundo. Ah! O esquecimento. Deixe-nos todos no esquecimento. Que nada mais merecemos!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

msn. janta. banho. telefone. era pra ser só um 'boa noite.' vai ser uma conversa de horas talvez dias. coisa que só a presença paga. mesmo que não física. mesmo que só a voz. e como faz falta essa voz. me sinto vazio quando se cala. quando não há ruido do outro lado do silêncio. quando não dá pra ouvir teu silêncio do outro lado da linha ou o barulho da tua chuva que é diferente da minha. voce desliga já bate saudade. saudade engole a gente. ou me engole. às vezes ando tão certo do que você sente. às vezes não. não que eu ache que de repente você não sente nada. mas é que de repente eu olho pra mim e acho que eu tô sentindo tanto. não sei se você tá sentindo esse tanto também. às vezes isso mata. às vezes isso faz viver. sinto também  de vez em quando que tô falando demais o tempo todo. ansiedade cruel de conversar. e de repente eu percebo que eu falei sobre sei lá uns vinte assuntos em cinco segundos e você escolhe um deles e responde e eu acho isso uma jogada genial. haha porra. você só foi jantar e tomar banho e eu já estou aqui de novo. escrevendo sobre você. eu só escrevo sobre você... se você não gostar de mim você deve achar que eu sou o maior 'freak' do mundo. haha
espero que goste de mim.

domingo, 15 de janeiro de 2012

#diálogos - on the gringoes

have you been friendzoned. she asked. of course not i fastly replyied... have i ? i wondered to myself.
algumas vezes é a resposta. acho que na maioria das vezes é a resposta. mas tem umas vezes que é a pergunta que eu temo.
ele berra. o amor escorre de todas suas células. ele quer gritar correr pular cantar. ele quer a todo instante cada vez mais. incessante. impetuoso. forte. ele quer abraçar até explodir. quer se cansar de falar e de ouvir. quer ir dormir achando que nunca mais terão assunto e acordar acreditando que nada foi dito. ele quer instantes que durem eternidades e eternidades que pareçam instantes. beijos longos. beijos curtos. sorrisos. risos. encarnações. cheiro de domingo. cheiro de dormir junto. cheiro de roupa. cheiro de saudade. cheiro de café. cheiro de perfume. cheiro de amor. ele quer futuro no presente. ele quer passivamente ativamente. constantemente. deleite infinito. 
ele transborda.
ela...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

o peso da armadura que tanto me protegia agora me machuca.
a noite está agradável. o mar violento do lado de fora e a lua na janela. ambiente sensacional após um dia tão ensolarado. venta muito. o barulho do vento é quase como se estivessem demolindo todas as casas ao meu redor. gosto do poder do vento. imponente. esse texto não é sobre isso. não é sobre como a noite está bonita ou sobre como o vento é forte ou sobre como o mar está violento. esse texto na verdade vai parecer ser sobre qualquer coisa menos o que ele realmente é. sinto vontade de cigarro. é impressionante como aquele pequeno enrolado de tabaco me faz esquecer as dúvidas, mesmo que só por alguns momentos. me faz apagar todo o medo. ou esconder todo o medo ou pelo menos direciona minha atenção pro fato de tragar o cigarro com o mínimo de perícia necessária. mais fuga ao tema pensei. e é mesmo. ou não.  eu sei que é fuga ao tema porque eu sei qual deveria ser o tema ou melhor qual é o tema mas vocês não devem fazer ideia do que estou falando ou sabem e sabem exatamente porque estou fugindo do tema. está frio. não o tempo nem o mar nem o vento nem o cigarro. mas está frio. eu sinto como se estivesse congelando ou já congelado. a conversa anda longe e técnica como se fossemos meros companheiros de trabalho. não sei exatamente quando isso começou. faz mais de um dia que não escuto sua voz. não sei se você quer escutar a minha. talvez você só esteja entretida nos seus próprios projetos. talvez queira dar um tempo pra tentar entender isso tudo. talvez queira dar um tempo e esquecer isso tudo. talvez só esteja entretida com outras coisas ou anestesiada por um dia bom. muitas possibilidades muitos medos e o mar continua violento.
hoje fez sol. fazia tempo que não fazia sol. agora já é noite. não nos falamos o dia todo. é estranho passar o dia sem o seu 'bom dia (:' ou a nossa conversa casual. não sei se por isso mas o dia foi estranho. tentei aproveitar o melhor dele sabe. saí com meus pais e fui em um rio aqui perto muito bonito. muito bonito mesmo. eu pensei em tirar umas fotos mas não tenho uma máquina boa o suficiente pra registrar a beleza que eu estava vendo então preferi só olhar. o tempo estava bom o céu estava azul mas faltava algo. faltava algo muito importante. algo que eu sentia o tempo todo que estava faltando. alguém para olhar a paisagem junto e sorrir. alguém me abraçando me dando à mão para caminhar. alguém sentando na grama comigo e olhando pro rio. estava faltando você. parei pra pensar se voce estava com saudade. se havia pensado em mim hoje. não sei. às vezes esse pensamento de não saber me assusta. olho pro rio e vejo meu reflexo sozinho nele. aquela água limpa e o meu reflexo. por mais que eu estivesse sorrindo a sensação de vazio era perceptível. você ia sair com uma amiga. espero que tenha se divertido ou que ainda esteja se divertindo e que não esteja sentindo tanta falta do meu bom dia quanto eu estou sentindo do seu.
será que quando você vai nos lugares você também fica imaginando como seria se eu estivesse com você?
enfim.
bom dia (:

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

o café já tá fudendo meu metabolismo. penso antes de dormir. são 5 da manhã. caralho. faz tipo umas 4 horas ou mais que você já foi dormir. eu queria ter ido junto. mas não to com sono. só ia te atrapalhar na cama. ia ficar virando prum lado e pro outro. voce com sono ia ficar puta e ia dormir na sala. odeio quando voce vai dormir na sala. prefiro ficar te vendo dormir aqui perto de mim sem poder te acompanhar. o café tá fodendo feio meu metabolismo. daqui a pouco você deve acordar. exagero. sempre exagero. voce deve acordar daqui a umas sete horas mais ou menos. espero que ainda te encontre em casa quando acordar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

hoje há frio. não há chuva é verdade. e há uma pequena tentativa do sol de se infiltrar por entre as nuvens e o vento e talvez dar uma alegrada no dia. o mar está barulhento. penso que sentirei falta do mar. você tá com aquela cara de quem já está acordada à muito tempo e extremamente entediada. sentada no sofá passando canais. você olha pra minha cara. tenta sorrir pra dar bom dia mas o tédio não deixa. paro pra pensar. não sei se você realmente olhou pra minha cara. passo direto por você pra pegar café. suas louças do café estão jogadas na pia. fico com preguiça de fazer e pego um copo de suco e uma fatia de pão. sento do seu lado pra ver tv mas você já desligou a tv. passamos o resto da manhã assim. sentados olhando pro nosso reflexo na televisão.
é um bom começo de domingo.

diálogo #4

quanto tempo.
é verdade. quanto tempo.
então, como vai?
ah! vou muito bem. a família está ótima . realmente casei com a paula. e agora estamos comprando nossa casa própria. é um apartamento em copacabana. ela está com um salário fixo. eu também. até o final do ano compramos um carro.
nossa. que bom cara.
e você?
eu estou meio triste. e meio é eufemismo.

diálogo #3

pessoas são difíceis de entender.
é verdade.
por isso eu acho psicologia fascinante.
haha. é verdade.
acho psicologia fascinante, o ser humano não.


                                                                      , com Guilherme Mota

diálogo #2

como vai o namoro?
eu terminei.
por que cara?
por que o que?
por que terminou o namoro, ué
que namoro?
você não estava namorando?
estava.
e não terminou?
terminei.
então. por que terminou?
oi. um café por favor. forte. sem açúcar. isso. não não. é só isso mesmo. obrigado. o que? não. não li o jornal hoje. na verdade não costumo ler jornal nunca. ah. é. pode parecer alienado mas eu nao costumo me preocupar muito com as noticias. mas eu escuto as pessoas comentando. não. só não me preocupo mesmo. viu. eu disse que ia me fazer parecer alienado.
a casa está como sempre silenciosa. coloco sua foto do meu lado. inspiração. a solidão dessa madrugada é impressionante. sinto falta da sua voz do outro lado da linha no telefone. sinto falta do seu rosto aparecendo na tela do meu computador e do seu sorriso. passo o olho por algumas fotos. alguns textos. escolho bem a música. escolho tão bem que parece que não estou colocando a música só para mim. ela começa a tocar. não era a música que eu queria ouvir. aparentemente fiquei uma eternidade escolhendo uma música que eu não queria ouvir. dou uma olhada ao redor como se procurasse algo para fazer. não há nada e não há sono. uma dose de anestésico cobre o ar deixando o ambiente mórbido. tudo aqui é cinza. cinza e madeira. acendo um cigarro. o apoio na boca e pego a xícara nas duas mãos. ainda há um resto de café bem no fundo. começo a balançar a xícara. o café dança dentro da mesma. tento seguir o ritmo da música. canso de brincar com o café. de relance tenho vontade de tacar a caneca na parede e acompanhar o espetáculo. olho mais uma vez pra sua foto. sorrio. por um momento o vazio fica menos vazio. volto a encarar o computador. nada. absolutamente nada. repasso todas as abas. atualizo as redes sociais. posto mais alguma coisa sem esperar resposta. olho para o relógio. lento. parece que desde que comecei a escrever até agora o relógio não andou. como se esperasse eu terminar de escrever. atento. olho mais uma vez pra sua foto. é. penso. acho que vou te acompanhar e ir dormir.

domingo, 8 de janeiro de 2012

                                     
Andei te procurando. na verdade fiquei até agora te procurando. indiretamente. não te liguei. não fui na sua casa. não gritei seu nome na sua janela. não te mandei uma mensagem. aparentemente não fiz nada mas te procurei. abri todas as gavetas da casa. escutei todos os discos que ouviamos juntos. reli aquele livro que voce me deu de aniversario. voce não estava mais aqui. procurei na sala. no banheiro. na cozinha e no nosso quarto. você não está mais aqui mesmo. Só agora que me dei conta disso. quando será que você foi embora? faz muito tempo? não sei. não reparei. não lembro exatamente de você saindo. lembro de algo parecido... alguma coisa como você dizendo que ia em algum lugar. e você foi. não vi o tempo passar. quanto tempo será que faz isso? algumas horas. talvez alguns dias. quanto tempo será que você saiu? a saudade veio vindo. disso eu lembro. lembro da saudade vindo. devagar. devagar  e constante. eu sentia a presença do meu lado. presença do que era você. ou que achei que era você. presença constante. devagar e constante. presença e saudade. que presença? talvez voce tenha retornado. talvez tenha esquecido de levar a chave ou a carteira ou o celular. voce costuma esquecer essas coisas e volta pra pegar rápido e sai de novo. talvez tenha sido isso. talvez tenha sido a moça que faz faxina que entrou. a porta devia estar aberta. nao lembro. fez o que tinha que fazer. talvez tenha conversado comigo. pedido um aumento. eu devo ter respondido qualquer coisa. não lembro. talvez tenha mandado ela embora. talvez. parece que faz tanto tempo que nao aparece ninguém aqui. a quanto tempo será que as coisas tão assim. ando mais uma vez pela casa. abro o armário. não vejo suas roupas. não vejo nada. vou para a sala. a estante. nossas fotos. nossas fotos. eu tinha certeza que tinhamos fotos na estante. olho para os porta retratos. fotos minhas. fotos minhas em casa. fotos que eu nao lembro de ter tirado numa cas que nao parece a casa que estou. nao sei se está chovendo. provavelmente está chovendo. reparo que nao há decoração na parede branca. há poucos móveis. não há revistas novas. livros novos. jornais novos. há uma camada de poeira por cima de tudo. é. provavelmente eu demiti a empregada. quanto tempo será que faz isso... é. voce nao voltou. voce é alergica a poeira. se voltou e viu a casa assim deve ter falado comigo. eu nao devo ter me importado porque nao lembro nem de voce ter voltado nem da empregada ter ido nem de voce ter ido. voce deve ter gritado queimado as fotos feito um escandalo. deve ter dito que eu arruinei sua vida. eu devo ter arruinado mesmo. voce deve ter pego suas coisas. e as minhas também porque nada aqui parece ser meu. voce deve ter pego todas as coisas e ido embora. e eu nem percebi que as coisas nao estavam mais aqui. e eu nem percebi que voce tinha ido embora. eu to sentindo saudade de voce. eu to sentindo saudade de voce e to tentando lembrar de voce. nao consigo lembrar de voce. fico procurando qualquer coisa que me dê uma pista. olho os móveis novamente. todos eles. minuciosamente. procuro por qualquer pista. um cheiro diferente. um fio de cabelo. um vidro de esmalte de perfume de desodorante. um resto de foto. um cd. não há nada. nada que me lembre de voce. nada que me lembre do que voce foi. nada que me lembre do que eu sinto saudade. só há a saudade. só há a saudade de uma coisa que eu nem sei o que é mas que tenho certeza que não está mais aqui. desisto de procurar por voce. resolvo olhar mais para mim. procuro pela casa algo que seja meu. algo que eu goste. volto pro quarto. nao reconheço o quarto. não reconheço a cama. no armário há um espelho externo que me reflete do pescoço para baixo. não reconheço minhas roupas. nem o armário nem o espelho. abaixo para ver meu rosto. um clarão entra pela janela e reflete no espelho. não consigo ver nada. olho para trás.
não acho a janela.

ao som de imaginary you
para variar chove. os mosquitos sobrevoam a pouca luz do computador. alguns me picam. sinto coçar. não coço. se não fosse pela digitação não estaria me mexendo. para variar chove. dessa vez não há café. nem você. nem nada. só chuva. e uns clarões. raios dentro do mar. é. estou numa casa que dá para ver o mar da janela. quer dizer. de dia da para ver o mar da janela. hoje, por estar chovendo muito o mar fica visivel pelos clarões dos raios. gostaria de poder dividir mais dessa cena. mas nem estou aproveitando tanto essa cena.


o barulho de chuva aperta. quanto mais barulho de chuva mais silencio. imagino voce ou imagino que imagino voce. no momento meio que dá no mesmo. talvez voce gostasse de assistir os raios comigo. o céu aqui é sempre muito escuro nessa época do ano. deve fazer quase um mês que não vejo a lua. não consigo achar a lua. não da minha janela.


chove. sempre chove. a constante faz com que todos os textos pareçam o mesmo texto. sutis mudanças. sutis como a diferença entre os pingos de chuva. um raio forte. o céu inteiro fica lilás. o mar brilha. a imagem é linda. o barulho de chuva diminui. o silêncio aumenta. o silêncio sempre aumenta.


não há medo. não há nada. da janela dá para ver as luzes da orla da praia. as luzes da orla da praia e os raios e o silencio. dá pra ver o silencio  dentro das casas com suas luzes apagadas. e o barulho dentro de outras casas com suas televisoes ligadas. agora são dez horas. mas ainda parece que são nove horas e ainda parece que são oito horas. e ainda parece que tudo isso é um texto só.


a chuva parou. pelo menos do lado de fora. aqui dentro ainda chove. cada vez mais forte. há raios. raios fortíssimos e silêncio. não há trovões. só raios. raios e chuva e silêncio.
e são dez horas e eu não sei onde você está.
só há chuva.
chuva e silêncio.
toca jazz e chove. aqui sempre chove. quando nao chove e eu preciso de chuva, eu simulo. este texto deveria prestar um agradecimento às pessoas que criaram sites que simulam chuva.
obrigado.
toca jazz e chove e tem café novo. sem açúcar. amargo como eu.
o cheiro do café é exímio. quase uma obra de arte. a fumaça já é fraca saindo da xícara o que significa que em poucos minutos esse café não servirá mais e eu precisarei fazer outro café. outro café. outro café.
a quanto tempo será que estou ouvindo musica e barulho de chuva e tomando café.
confiro o relógio.
são oito horas da noite e eu tenho certeza que não podem ser oito horas da noite.
há chuva e café e silêncio e não são oito horas da noite.


o relógio marca nove horas da noite. mais jazz. mais café e a mesma sensação de que o tempo está adiantado. nao algumas horas. mas alguns anos. me sinto as nove horas da noite daqui a noventa anos. considerando a idade que  já tenho minha afirmação fica ainda mais precisa. parece que são nove horas e que eu estou morto. pelo menos é o que parece.


o toca discos pára de tocar. penso em levantar para virar o disco. penso em te ligar. penso nas coisas que vou comprar quando tiver dinheiro. 
quanto tempo será que faz desde a ultima vez que eu tomei banho ?
quanto tempo será que faz desde a ultima vez que sai desse quarto e fiz algo além de tomar café e ouvir música e pensar em você.


o café esfriou e eu esfriei junto com o café. já não toca mais nada. só a chuva e o barulho das caixas de som zunindo. pedindo por um som. me lembrando que o toca discos ainda está ligado. não vou virar o disco. desculpa.

diálogo

desculpa a curiosidade, mas o que já começou ?
junho
ah sim
detesto junho. tudo dá errado
e já começou
o que começou ?
tudo meio assim nublado fora de ordem se é que algum dia houve alguma ordem. Não há medo Nem há desejo uma sensação amortecida do que ontem era vida. Os mesmos planos dessa vez distantes não esquecidos nem postos de lado mas distantes. O café cheira desagradável o móvel cheira desagradável a minha sombra projetada na parede está desagradável. o meu cabelo meu jeito a cadeira as musicas a iluminação tudo está desagradavel. escrever está desagradavel.nao quero mais seguir uma pontuação. paro. frase. por. frase. palavra por palavra. pontuo o texto conforme penso. vou seguir assim.

cansaço.chuva.frio. cansaço. chuva mas não ta frio. nao aqui dentro. aqui dentro esta normal. o calor normal dos moveis de madeira e o aquecimento nas mãos por causa do notebook ligado a horas. nada de produtivo. o tempo ta passando. pelo menos é o que deveria estar acontecendo. me pergunto se já almocei. angustia. me pergunto quantas vezes ja almocei desde a ultima vez que dormi. já estamos em 2012. pelo menos é o que parece. nao lembro de nada dos ultimos dois anos. nao sei a ordem cronologica de nada que aconteceu e nem lembro de quando é esse café. nao me lembro de ter feito café.

troco a música. o brilho dos raios ecoa pro lado de dentro da janela. meu cabelo volta a incomodar. agora os olhos incomodam. estar acordado me incomoda. o barulho do trovão rasga o silência da casa e ecoa. troco a musica. penso em levantar e jogar o café fora e fazer mais. passo a mão no rosto. penso nos 3 andares que tenho que descer para fazer café. não temos cafeteira nem microondas. não quero ficar de frente pro fogão e ter que coar café manualmente.

esqueci a janela da sala aberta. provavelmente está chovendo na sala. provavelmente algum vizinho do prédio da frente deve me gritar para avisar que a janela está aberta. eu sei que ela está aberta. eu quero deixar a chuva entrar. quero deixar qualquer coisa entrar só pra não ficar assim sozinho.

troco a musica. tiro o fone dos ouvidos por um tempo. escuto a casa. a chuva lá fora. alguns barulhos da rua. a vida lá fora me incomoda. levanto para fechar a porta do quarto e apagar a luz. o som dos meus passos me incomoda. volto para a cadeira. mas nao sento. arrasto o notebook pra cama. não há posição confortável e a vida aqui dentro me incomoda.
o copo de café está vazio.
não me lembro de ter bebido o café.
preciso comprar um caderno. preciso comprar um caderno porque escrever no computador já não me basta. quero ter um papel pra escrever porque prefiro minha letra à essa letra reta, ornamentada e sem sentimento. quero escrever num caderno e mostrar só pra quem eu quero. é. vou comprar um caderno.

K

sabe. eu gosto de voce. gosto de voce assim, de graça, sabe. foi muito bom recuperar o contato com voce depois de tanto tempo. de verdade. e melhor ainda foi descobrir que temos tanto em comum. foi muito bom te ver de novo e sair com voce mesmo que para uma noite frustrante no inverno. mas apesar de tudo foi lindo. de verdade. e eu fico feliz por ter acontecido. 

sinto que nossa amizade tá indo.
 embora.
 de novo.
nao sei se é pra ser assim. mas tá indo. isso me deixa triste. mas nao sei se posso evitar. talvez seja pra ser assim. nao sei.
às vezes é isso mesmo. a gente vai se apegar e se desapegar. se apegando e se desapegando pra sempre. nao sei.

sei que nao queria ter que te deixar ir mas sei lá. 

sabe.

as vezes sou eu pedindo, de novo, demais das pessoas. queria voce por perto porque gosto de poucoas pessoas e gosto de voce.  só isso.
nao sei como vai ser daqui pra frente. quando vamos nos ver ou nos falar mas espero que tenha sorte.

sorte e sucesso.
Hoje eu não to ligando. Não to ligando mesmo.
Hoje sou chuva e som
e só.
Hoje você vai abrir a porta
vai me dar bom dia
ou boa noite
porque não sei que horas são
e eu não vou ligar.
não é que te esqueci
não é que de repente não sou mais o mesmo.
é só que hoje eu quero tempo pra mim.
Vou ler alguma coisa
fazer meu café
falar poucas palavras.
E isso não tem nada a ver com você
espero que você entenda.
Não dê nenhum ataque
nem questione o meu amor.
Não dificulte o que é fácil
não peça de mim mais do que eu posso te dar.
Não faça o meu café.
Hoje não.
Não é nada com você, mas às vezes eu gosto de fazer minhas próprias coisas
só pra me sentir um pouco vivo ainda.
Hoje eu quero ligar a tv pra abafar a tua voz
ou a tua música
e hoje eu vou conviver com você em sintonias diferentes
e hoje vai parecer que a gente brigou
mas eu não falei nenhuma palavra.
Isso pode durar dias
ou semanas
até quem sabe meses.
Mas você sabe
Você já me conhece.
Tudo vai voltar a ser como era um dia
tudo que eu preciso é tempo.
No fundo, você sabe que também precisa desse tempo
e que no final dele, as coisas vão voltar a ser como eram.
É só questão de paciência.
Não dá pra ter pressa.
Você sabe que não dá pra ter pressa.
No fundo a gente sabe que é essa montanha russa de sentimentos.
Esse vai e vem. Está não está. É e não é
e a segurança de que
não importa o que for hoje
vai sempre ser a mesma coisa
é o que mantém esse sentimento vivo.
Porque a nossa rotina não é linear.
E se o que a gente tem fosse linear
não seria parte da nossa rotina.